Este título - “Que Mundo, meu Deus!” - é pedido emprestado à TSF que tinha um belo programa com o mesmo nome com a participação de um cristão, uma judia e um muçulmano.
No entanto,
aqui o desenvolvimento é outro e voltado para o mundo em que vivemos. Um mundo
de contrastes, em que convivem, entre tantos outros, a paz e a guerra, o prazer e a dor, a alegria
e a tristeza, a fraternidade e o ódio, a saúde e a doença, o luxo e a miséria.
Como podemos
ficar indiferentes ao ver a luta fratricida que decorre na Ucrânia e na
Palestina, sem esquecer outras guerras igualmente fratricidas, noutras partes
do mundo? Fratricidas sim, pois são irmãos que se combatem (a humanidade é uma
fraternidade).
Como podemos
compreender que, ao mesmo tempo, ao nosso lado, na sociedade em que nos movimentamos, vejamos
pessoas com vida longa e feliz e recordemos outras para quem a vida foi
madrasta e curta, com acidentes ou doenças que lhes ceifaram a vida prematuramente?
Como podemos
ver irmãos nossos a sofrer e a morrer de fome e de sede (sofrimento que mal
imaginamos) e outros a esbanjar alimentos e água?
E as crianças,
Senhor, que mal fizeram elas para nascerem doentes, pobres, sem um lar
aconchegado, com pais que se desentendem e as fazem sofrer, ao lado de outras,
sãs, felezmente cheias de vida e alegria, com um lar e pais que, frequentemente,
até as estragam com mimos e excessos?
E famílias que
sofrem, porque o dinheiro é pouco, o desemprego bate à porta, a habitação mete
água ou a renda é cara, enquanto ao lado, outros moram em vivendas luxuosas,
com dinheiro em abundância, tantas vezes o esbanjando?
E, ainda, pessoas
com salários de miséria apesar de muito trabalho e outras com proventos que
chocam pelo excesso?
Tanta
injustiça! Tanta desigualdade.Tanta dor! Porquê?
Não, não é
justo este mundo em que vivemos e que nos leva a perguntar: que Mundo é este,
meu Deus?
Como estranhar,
neste contexto, que muitos considerem que o Mundo é mesmo assim, que “isso” de
interpelar Deus é tempo perdido e que o que
há a fazer é lutar para gozar o lado bom da vida, mesmo que à custa dos
outros?
Certo é que
ainda há muitos irmãos nossos que, prescindindo de Deus, lutam por uma sociedade mais justa,
pelo progresso científico que possa curar doenças, por uma maior igualdade, bem
sabendo que tudo acaba, que todos acabamos, mais dia, menos dia, e que pouco ou
nada há a fazer contra certos males. Mas lutam, apesar de tudo!
Mas será
assim? Tudo acaba e, enquanto vivermos, a Vida será mãe muito boa para uns e má, mesmo muito má,
para outros? Não é isto a injustiça das injustiças?
Por estranho
que possa parecer, só Deus, um Deus bom, justo e misericordioso, porque outro
não há, pode restabelecer a justiça, a fraternidade, a alegria, dando as
respostas, que hoje não temos para as muitas interrogações que fazemos.
( Não escrevi
nada que não tenha sido já dito e escrito, muito melhor e vezes sem conta. Mas
poderemos esquecer estes problemas que
fazem parte da nossa vida ?)
António
Cândido de Oliveira